8 de agosto de 2014

Homenagem da Escola aos Pais

                                                                 
                    Ser  pai é, acima de tudo, não esperar recompensas.

Mas ficar feliz caso e quando cheguem.

É saber fazer o necessário por cima e por dentro da incompreensão.

É aprender a tolerância com os demais e exercitar a dura

intolerância (mas compreensão) com os próprios erros.

Ser pai é aprender, errando, a hora de falar e de calar
É contentar-se em ser reserva, coadjuvante, deixado para depois.

Mas jamais falar no momento preciso.

                                É ter a coragem de ir adiante, tanto para a vida quanto para a morte.

           É viver as fraquezas que depois corrigirá no filho,

                       fazendo-se forte em nome dele e de tudo o que terá de

viver para compreender e enfrentar.

                       Ser pai é aprender a ser contestado mesmo quando no auge da lucidez.

É esperar.

É saber que experiência só adianta para quem a tem, e só se tem vivendo.

Portanto, é aguentar a dor de ver os filhos passarem pelos

sofrimentos necessários, buscando protegê-los sem que percebam,

para que consigam descobrir os próprios caminhos.

Ser pai é: saber e calar. Fazer e guardar. Dizer e não insistir.

Falar e dizer. Dosar e controlar-se. Dirigir sem demonstrar.

É ver dor, sofrimento, vício, queda e tocaia,

jamais transferindo aos filhos o que, a alma, lhe corrói.

Ser pai é ser bom sem ser fraco.

É jamais transferir aos filhos a quota de sua imperfeição,

o seu lado fraco, desvalido e órfão.

Ser pai é aprender a ser ultrapassado, mesmo lutando para se renovar.

É compreender sem demonstrar,

e esperar o tempo de colher, ainda que não seja em vida.

Ser pai é aprender a sufocar a necessidade de afago e compreensão.

Mas ir às lágrimas quando chegam.

Ser pai é saber ir-se apagando à medida em que mais nítido

se faz na personalidade do filho,

sempre como influência, jamais como imposição.

É saber ser herói na infância,

exemplo na juventude e amizade na idade adulta do filho.

É saber brincar e zangar-se.

É formar sem modelar, ajudar sem cobrar, ensinar sem o demonstrar, sofrer sem contagiar, amar

em receber. Ser pai é saber receber raiva, incompreensão, antagonismo, atraso mental, inveja, projeção de

sentimentos negativos, ódios passageiros, revolta, desilusão e a tudo responder com capacidade

de prosseguir sem ofender; de insistir sem mediação, certeza, porto, balanço, arrimo, ponte, mão

que abre a gaiola, amor que não prende, fundamento, enigma, pacificação.

Ser pai é atingir o máximo de angústia no máximo de silêncio.

O máximo de convivência no máximo de solidão.

É, enfim, colher a vitória exatamente quando

percebe que o filho a quem ajudou a crescer já, dele, não necessita para viver.

            É quem se anula na obra que realizou e sorri, sereno, por tudo haver feito para deixar

de ser importante.

                É... acho que entendi. Ser Pai é ser Cristão, é ser Sábio, é ser herói sem superpoderes.

                                                                                        Direção Colegiada (10/08/14)   

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